APRESENTAÇÃO
Ternos, cáusticos, irônicos, divertidos, alguns tristes os quais, no entanto, levam a profundas reflexões, são os adjetivos entre tantos outros que dão vida a essa nova safra de pensamentos do Marquês de Sabugi. Pensamentos Meus que Poderiam ser Seus é o novo livro do Marquês de Sabugi, pseudônimo do médico Joāo Bosco Marinho, nascido em Santa Luzia, no sertão paraibano, de onde trouxe boa parte de sua filosofia de vida.
Com tantos anos vividos em sua terra, somados aos que passou em Brasilia, reuniu experiência suficiente para mais um livro. A nova colheita foi produtiva e nasceu, como de outras vezes, em noites em que o sono foi interrompido, em plena madrugada, à cata de sua caneta e do caderno de anotações; em momentos da curtição dos prazeres entre familiares e amigos, da observação pertinaz e pertinente (ou não) do cotidiano das pessoas e das coisas que não se fecham nas fronteiras da imaginação.
Muitos dos bons escritores de antes e de agora sintetizaram seu imaginário na categoria de máximas ou pensa mentos, o mesmo formato dessa obra. O objetivo do autor é claro: capturar o leitor, pegá-lo de jeito, mesmo, e levá-lo a pensar instantaneamente no tópico escolhido, talvez aleatoriamente. Se não gostar, por exemplo, do que foi externa do no verbete amar, o leitor será levado a confrontar o dito com o que ele próprio pensa sobre o assunto.
Certamente e com naturalidade, o leitor passará a ser um pensador, um filósofo, uma pessoa, assim como os médicos que auscultam o corpo e a alma de todas as gentes. Não foi por acaso que o Marquês de Sabugi deu ao livro o título Pensamentos Meus que Poderiam ser Seus. Implicitamente, o Marquês pretende dividir com o leitor o livre arbítrio de sua criação, dando a ele a possibilidade de discordar, concordar, de ficar bravo, de refutar.
Assim, sobre Deus, o Marquês considerou: “Uma plantinha, uma montanha, o mare as estrelas, tudo isso é Deus” Poderá alguém discordar de uma definição tão sin gela para o divino? E que tal esta, para quem é estressado e quer realizar suas conquistas num exíguo espaço de tempo, atropelando todas as pedras do caminho, chegando mesmo a dar com os burros n’água? “Vá devagar: mire-se no exemplo das tartarugas que não correm, mas chegam inteiras ao mar”. Pura sabedoria….
Já para aqueles que sonham em ser ricos, quem sabe a qualquer custo, fica a dica: “O dinheiro traz consigo duas coisas: conforto e medo”. Verdade nua e crua. Nos dias de hoje, quem, ās vezes com pouco dinheiro, comprou sua casa própria ou um carro popular e não teme perder suas conquistas para outro que nada fez? E quanto ao amor à vida, o que dizer do temor, seja de doenças, da morte ou das maluquices que ameaçam nosso cotidiano? Resposta simples: “Que a minha dor não seja um empecilho para eu deixar de amara vida”.
A escolha do pseudônimo Marquês de Sabugi não foi do médico, um dos mais respeitados alergistas de Brasília. Veio de uma mulher simples de Santa Luzia, sua terra natal, que o achava parecido com um marquês devido aos seus cabelos e barba precocemente brancos, que lhe davam uma aparência de fidalgo, de marquês, aquele importante título de nobreza concedido pelos reis europeus e muito ambicionado pelos poderosos da Idade Média.
O Marquês de Sabugi é, pois, um entrelaçado da imaginação, de criatividade, da ousadia e da multiplicidade na arte de criar. Além de médico, João Bosco é compositor, escritor e poeta, autor de dezenas de músicas com letras que são verdadeiros poemas, entre as quais a bela canção “Santa Luzia”, feita em exaltação à cidade onde nasceu, e “Sabes bem, amor” e “Luz dos olhos meus”.
Com os volumes já editados Máximas do Marquês de Sabugi, publicado em 1997; Reflexões e Ditos Impudicos do Marquês de Sabugi, em 1999, e Marquês de Sabugi um Escultor de Pensamentos, em 2010, João Bosco Marinho já ganhou o coração de muitos e o carinho até mesmo daqueles que discordam do seu pensar provavelmente um universo pequeno , e reforça sua criação com a nova safra de pensamentos incluídos neste Pensamentos meus que que poderiam ser seus.
Em todo caso, seus admiradores são aqueles que dão a devida importância à necessidade de pensar e repensar fatos e comportamentos, de dar asas à imaginação, de atro pelar conceitos preestabelecidos. Enfim, de sonhar, por mais desconexos e em preto e branco que sejam os sonhos.
PREFÁCIO
Em todo o mundo, homens, mulheres, velhos e crianças, pobres e ricos, ingleses, americanos, chineses ou indianos ado tam e usam citações para expressar, de modo sucinto, o que pensam sobre uma série de fatos, pessoas e circunstâncias. Em todas as línguas, seja qual for a civilização, as máximas estão sempre presentes na linguagem cotidiana das pessoas de todas as categorias, sobre as quais exercem um singular fascínio.
Comecei a escrever pensamentos por acaso, para preencher o tempo entre uma consulta e outra, no meu ofício médico. Sempre fui muito reflexivo, tanto que em um dos meus ditos revelo que “Eu sou tão cheio de pensamentos que eles quase não cabem mais em minha cabeça’. Pode parecer exagero, mas essa mania, aliada às leituras, às conversas e às observações sobre os fatos da vida, acabaram por render este meu novo livro.
Elaborar citações é muito cativante. E certo que não fiz este novo trabalho com pretensões literárias, da mesma forma que aqueles publicados anteriormente. Como aconteceu desde o começo, continuei anotando impressões sobre a vida, as pessoas e seus comportamentos, que já somam mais de trinta mil pensa mentos, mesmo tendo excluído um número incalculável delas. Quando o volume dessas anotações foi crescendo, achei que publicá-las reforçaria o legado que quero deixar para as pessoas a quem quero bem, aí incluídos família e amigos.
Da mesma forma como ocorreu na produção dos meus primeiros livros, fiz pensamentos no trabalho, dirigindo, caminhando e até mesmo sonhando. Continuei com os bolsos cheios de escritos que, mais tarde, transcrevi em cadernos e, numa breve avaliação e com muito otimismo, percebi serem suficientes para se transformarem em mais um livro, que ora lhes apresento.
Produzir um livro de citações não é nada fácil, até por que se tem a impressão de que não é possível inovar em relação aos assuntos comuns do cotidiano, como saúde, felicidade, decepções, negócios, pobreza, morte, cếu e inferno, embora em cada etapa da vida nosso modo de pensar em relação a tais temas vai mudando de enfoque.
Por outro lado, há que esclarecer que os pensamentos não refletem fielmente meu ponto de vista sobre as questões aborda das, pois, como dito, boa parte deles é fruto de observações, da análise das reações de pessoas, conhecidas ou não, e de suas inclinações, refletindo uma diversidade bastante interessante. Por seu turno, algumas dessas citações podem parecer contraditórias, e a razão disso está clara no mesmo argumento jé exposto. E lógico é, que uma citação se torna gratificante quando se encaixa no sentimento de quem a lê. Os exemplos têm mostrado que nem mesmo um sábio é capaz de elaborar pensamentos que agradem à maioria.
Minha ideia não foi oferecer um compêndio respaldado pela lógica, um manual de como fazer alguma coisa com o menor risco de dar errado. É claro que alguns pensamentos podem ser tomados como referência para diversos assuntos. Quando digo, por exemplo, que “Você pode não ser tudo o que pensa que é, mas é tudo o que os outros pensam de voce”, certamente existe aí um fundo de verdade que não se pode ignorar.
Igualmente, quando menciono que “As cuecas dos políticos no Brasil têm suas peculiaridades; algumas dispõem até de bolsos fundos” ou “A política no Brasil é como uma feijoada, uma mistura de ingredientes difíceis de diferir’ reporto-me à característica marcante da política brasileira, repleta de casuísmos, de concessões impróprias e tudo o mais que estamos cansados de presenciar e que gostaríamos de ver sumir do cenário nacional.
É obra despretensiosa, sem veleidades literárias, mas eventualmente com pitadas de humor, um ligeiro acento poético e constatações que incursionam pelo campo da psicologia e da filosofia. Concluir este livro me trouxe grande alegria, pela possibilidade de partilhar essas observações e escritos de anos com minha família e amigos e, eventualmente, algum leitor que se interessa pelo gênero.
A minha gente do Planalto, Ao meu povo do Sabugi; Os meus amores de lá, As minhas paixões daqui. ― O autor