APRESENTAÇÃO
Pretendia começar e encerrar minha carreira de escritor com o livro Máximas do Marquês de Sabugi, que publiquei em 1997. Mas os pensamentos, alheios à minha escolha, não pararam de fluir, um após o outro, e cá estou de volta com outro livro, que dedico aos muitos leitores que me transmitiram seu prazer com a leitura proporcionada por obra tão modesta quanto estimada.
Um livro é quase como um filho, tantas as atenções, tamanhos os cuidados que lhe dedicamos, do rascunho ao prelo. Os pensamentos contidos neste segundo volume que ora edito, contendo as Reflexões e Ditos Impudicos do Marquês de Sabugi, não representam, como poderia parecer à primeira vista, o meu próprio modo de pensar a vida e seus inumeráveis acontecimentos, mas reflexões que diferentes pessoas extrairiam das realidades vividas e presenciadas por elas.
O fato é que esse universo que temos em nossa mente, que se materializa num pequeno cérebro que cabe na palma de uma mão, armazena um enigma que a vida inteira tentamos decifrar. E essa inquietude, esse desejo de superar as rotinas da vida e as verdades preestabelecidas que me levaram a ressuscitar o Marquês de Sabugi para expressar, pela sua falta de autocensura, pensamentos e reflexões que, meditariam alguns, não ficariam bem na boca de um médico circunspecto que lidou, a vida inteira, com inumeráveis e estranhas doenças alérgicas.
Às vésperas de um novo século, e no limiar de outro milênio, sinto-me como o arauto de um tempo velho, mas que ainda não perdeu seu encanto. Com este livro, estou-lhes entregando o melhor dos meus esforços, qual seja, a capacidade de desdobrar o cotidiano de cada um no que ele pode oferecer de mais sério, irônico, divertido ou até mesmo sinistro.