Renata

Quando foi rica e feliz,
Renata teve o que quis:
Beijo, carinho, esplendor!
Hoje arrasada e perdida,
Pelos banquetes da vida
Busca migalhas de amor!

Não dorme mais e nem come,
O mundo esqueceu seu nome!
É pobre! Não tem valor!…
A sua casa – o relento!
O seu leito – o calçamento!
E a lua – o seu cobertor!

Rolando pelas calçadas
Lateja, nas madrugadas,
Seu coração sofredor!
Ninguém mais lembra Renata,
Motivo de serenata
Daquelas festas do amor!

Mas longe da gente nobre,
Renata humilhada e pobre,
Tem hoje o tesouro seu:
O espaço triste da rua,
A claridade da lua
E a sina que Deus lhe deu!

Jovens de agora, cuidado!
Este mundo é um poema errado
Que o destino compôs!
Nesta vida que caustica,
Há muita Renata rica
Que fica pobre depois.

(Poesia de Jansen Filho e música de João Bosco Marinho)